Publicado por: Análise BB | Atualizado em 28/02/2024 às 16:36

Uma questão que tem chamado a atenção nos últimos trimestres é o fato de que o resultado dessas pesquisas mensais no momento de suas divulgações tem se distanciado do indicador trimestral do PIB, divulgado posteriormente. Evidente que existem diferenças metodológicas entre as pesquisas, o que poderia justificar alguma discrepância entre os dados; contudo, há um recorrente descolamento entre o que aponta as pesquisas mensais e o que é divulgado pelo PIB, mesmo após ajustes metodológicos e de pesos. A pesquisa mensal do comércio para o primeiro trimestre de 2023, por exemplo, indicava um crescimento mais forte do que o que foi observado pelo PIB do comércio. Mais curioso ainda, o desempenho das pesquisas mensais dos serviços revelou uma direção oposta ao que indicava o PIB dos serviços para o mesmo período. Para o segundo e terceiros trimestres, a direção e magnitude entre as pesquisas mensais e o PIB trimestral também apresentaram divergências significativas (Gráfico 1). Por exemplo, enquanto o IBCBr (termômetro do PIB divulgado pelo BCB) apontava um recuo de -0,35% da atividade econômica no terceiro trimestre de 2023, o PIB divulgado pelo IBGE mostrou um crescimento pontual de 0,1%. Assim, em que pese a relevância e contribuição do resultado das pesquisas ao longo dos meses, a composição trimestral dessas pesquisas não tem se mostrado uma referência tão próxima do número oficial do PIB, que é o dado mais relevante e completo da economia.

Esse cenário mais construtivo traz um importante efeito carregamento para o ano corrente. Esse fator, aliado ao reajuste do salário-mínimo e ao impulso sobre os gastos das famílias diante da liberação dos precatórios, traz uma visão mais otimista também para o primeiro trimestre de 2024, que passou a contemplar expectativa de crescimento equivalente a 0,6% em nosso cenário (Gráfico 4). Para o ano de 2024, nossa expectativa de crescimento (que já foi de 1,5%) foi alterada, passando para 1,8% no cenário mais provável atual. Em nossa avaliação, esses pontos endossam que a continuidade da queda dos juros e da flexibilização das condições financeiras, assim como do forte resultado das vendas externas, deverão ser importantes drivers para o desempenho de setores chaves da economia, como construção civil e indústria, em particular a extrativa.

Com estas informações colocadas, a sensação atual é de que, a depender do resultado do PIB que será divulgado na próxima sexta-feira, não se pode descartar uma nova rodada de atualizações altistas do PIB para o ano de 2024, com projeções se aproximando e, eventualmente, até superando a casa dos 2,0%.

Referência: https://investalk.bb.com.br/noticias/economia/estudo-economico0fev-2024

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