Preocupado com a inflação, o governo federal estuda medidas para baratear os alimentos.
Entre as medidas antecipadas, a redução dos impostos de importação pode não resultar no corte instantâneo dos preços nas prateleiras.

O que aconteceu

Governo avalia medidas para reduzir o preço dos alimentos. Após reuniões com o presidente Lula na semana passada, o ministro Rui Costa (Casa Civil) confirmou a ideia de cortar o imposto sobre a importação para “todos os produtos que tiverem preço interno maior do que o externo”. O foco central está no barateamento dos itens da cesta básica.

Teorias propostas são plausíveis, mas têm resultados incertos. A proposta do governo consiste no aumento da oferta de alimentos no Brasil. Se a demanda permanecer estável, o cenário abre caminho para a redução dos preços. Ainda assim, a importação traz outros pesos para o bolso, a depender do valor internacional do alimento, da taxa de câmbio e dos custos com o transporte até as prateleiras.

É uma ideia que, no papel, pode dar certo. Mas, quando a gente coloca na realidade, há outros fatores para analisar e ver se eles vão provocar um efeito significativo ou irrisório na ponta final.
– Aniela Carrara, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Desvalorização do real também pesa na inflação dos importados. A recente alta do dólar também figura como inimigo dos preços e pode ser um limitador para o efeito prático das taxas menores idealizadas pelo governo. Erick Isoppo, especialista em comércio exterior da IDB do Brasil Trading, defende a necessidade de uma adequação das contas públicas para manter o dólar abaixo de R$ 6 e, consequentemente, reduzir o custo dos alimentos importados.

Tempo até efetividade das propostas pode ser insuficiente. Outro ponto de atenção envolve o prazo até que as decisões cheguem ao bolso dos consumidores, limitando o sucesso momentâneo das medidas. “Há um fator sazonal e questões climáticas muito fortes que explicam o aumento de preço. Tudo isso costuma mudar de forma rápida, e as políticas públicas não têm um efeito na mesma velocidade”, afirma Renan Pieri, professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Iniciativa é criticada por membros do agronegócio brasileiro. Em nota, a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) classificou a redução de impostos como uma medida desesperada e mal pensada do governo”. A bancada que representa o segmento ressalta não existir problemas de abastecimento ou sobrepreço que justifiquem a proposta. “O governo quer controlar a inflação, porque isso corrompe a imagem da gestão. Por outro lado, os fazendeiros não querem renunciar à receita e nem reduzir os impostos”, diz Isoppo ao recordar que descontos não foram repassados em isenções no passado.

Medidas não abrem espaço para reduzir preço dos vilões da inflação. Os estudos já mencionados pela equipe econômica são vistos como ineficazes para anular a recente inflação de alimentos que mais atingiram o bolso das famílias nos últimos meses, a exemplo das carnes e do café. “São questões pontuais, que podem mostrar o governo tentando agir, mas que certamente não vão ter um impacto significativo”, diz Pieri,

Inflação dos alimentos supera 1% nos últimos três meses. Conforme as variações registradas pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação dos itens do segmento foi de 3,84% no acumulado do último trimestre. Entre os itens que fazem parte da alimentação em domicílio, a alta foi ainda maior, de 4,26%. Para este mês de janeiro, é previsto um novo aumento significativo, como indicou a prévia da inflação.



Referência: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/01/28/governo-baratear-alimentos.htm












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