Valor fechou R$ 2.301,60 a saca de café arábica de 60 quilos no dia 27 de janeiro, aumento de 6,8%. Série histórica de registros de preços da Esalq-USP começou em 1997.
O indicador de preços do café arábica tipo 6 para o produtor registra, em janeiro deste ano, o maior patamar para esta variedade da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP). As cotações começaram a ser registradas em setembro de 1997.
O arábica é a variedade mais produzida no Brasil e a mais consumida. Ela é mais valorizada pelo seu sabor, porém, é mais sensível às condições climáticas.
Os cafés são classificados a partir da avaliação dos grãos de uma amostra de 300 gramas, observando-se a quantidade de defeitos presentes. O tipo 6 tem até 86 defeitos por amostra de 300 gramas.
Segundo dados do Indicar Cepea/Esalq, até o último dia 27 de janeiro, o valor médio estava em R$ 2.301,60 a saca de café arábica de 60 quilos. O valor representa aumento de 6,8%, com acréscimo de R$ 146,72 em relação à média de preço de dezembro de 2024.
Segundo pesquisadores do Cepea, os preços elevados seguem refletindo a oferta restrita tanto de arábica como de robusta no Brasil e no mundo, além do alto percentual de café já comercializado por produtores nacionais.
Exportações em alta
As exportações brasileiras dos cafés arábica e robusta somam 22 milhões de sacas de 60 quilos cada nos primeiros cinco meses da safra 2024/2025. O desempenho positivo na temporada atual é resultado da combinação de fatores como baixa oferta global do produto, demanda externa firme e dólar valorizado frente ao real, apontava o Cepea no fim do ano passado.
O volume escoado no início da safra corresponde a quase metade da quantidade embarcada em toda a temporada anterior, de 2023/24, de acordo com dados do Cecafé, analisados pelo Cepea em boletim do dia 18 de dezembro do ano passado.
No fim dos primeiros cinco meses de safra do café, o dólar fechava em alta em junho de 2024, encerrando o primeiro semestre do ano passado com valorização de mais de 15%. Na época, era cotado a R$ 5,5884. A moeda americana chegou ao maior patamar desde 10 de janeiro de 2022 (R$ 5,6742).
O ano de 2024 foi de grande desvalorização das maiores moedas do mundo diante do dólar. E, entre as moedas mais negociadas, a que mais se desvalorizou até agora em 2024 foi o real brasileiro.
📈Maior patamar desde 1998
A oferta limitada do café no mercado doméstico e no Vietnã fez os preços dos cafés robusta e arábica registrarem altas de até 100% em 2024, segundo o Cepea. As cotações seguem firmes nas regiões produtoras de São Paulo e do Espírito Santo.
No posto na capital paulista, o preço do café arábica, tipo 6, opera acima dos R$ 1.800 a saca de 60 de quilos, conforme aponta o Indicador Cepea/Esalq. Esse é o maior patamar real atingido desde 27 fevereiro de 1998, segundo os pesquisadores do setor.
Oferta restrita e negociação fechada
O aumento é de quase 80% se considerado o acumulado deste ano. Segundo pesquisadores do Cepea, a elevação no preço do arábica se deve à oferta restrita da variedade e ao alto percentual de café já negociado pelos produtores.
“Vale lembrar que a safra 2024/25 não foi tão volumosa. Além disso, agentes seguem atentos ao desenvolvimento da próxima temporada 2025/26; as condições mais debilitadas de grande parte das plantas podem resultar em oferta abaixo do esperado no ano que vem”, destaca o Cepea.
No Espírito Santo, o Indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6 no Espírito Santo, renovou o recorde real da série histórica do Cepea, iniciada em novembro de 2001. Na parcial deste ano, a modalidade do café registrou valorização de mais de 100%.
“A alta está atrelada à oferta limitada da variedade no Vietnã e no Brasil, além dos maiores preços do arábica.
Consumo no mercado interno
De acordo com o pesquisador Renato Garcia Ribeiro, responsável pela área de café no Cepea, ambas as variedades são usadas na mistura para consumo no mercado interno.
“Esse café que nós consumimos diariamente, que nós passamos no coador de filtro de papel, que nós compramos no mercado, ele é um blend (mistura) de café arábica e robusta. No Brasil, dois terços da produção é de café arábico e um terço é de café robusta”, afirma.